PEDRO MUFFATO: 85 ANOS ENTRE MOTORES, MEMÓRIAS E CONQUISTAS
Ao completar 85 anos em 29 de junho de 2025, Pedro Muffato transcende a figura de um piloto de automobilismo, representando longevidade, paixão e um legado notável que se estende das pistas aos negócios e à política de Cascavel. Nascido em 29 de junho de 1940, emÁgua Clara, interior de Irati (PR), filho de imigrantes italianos, Pedro Muffato construiu uma trajetória de coragem, superação e visão.
PEDRO MUFFATO
Sua juventude foi marcada pelo trabalho árduo no campo, antes de se mudar para Cascavel, cidade que se tornaria o palco central de sua vida. Foi ali, na década de 1960, em uma Cascavel em pleno desenvolvimento, que seu fascínio por motores despertou. Sem recursos ou escolas de pilotagem,
o jovem Pedro tornou-se autodidata, aprendendo a “alma dos veículos” ao desmontar motores e aprimorar sua técnica. Ele participava de corridas informais em pistas de terra, movido não apenas pela adrenalina, mas pelo estudo do comportamento dos carros e pela busca incessante por aprimoramento. Essa juventude de aprendizado e superação foi a base para a carreira que o tornaria um ícone do automobilismo brasileiro, inspirando gerações.
Nos anos 1960, iniciou suas primeiras competições locais, dando o pontapé inicial a uma carreira que o transformaria em um dos pilotos mais respeitados do Brasil. Sua estreia oficial nas pistas aconteceu em 4 de dezembro de 1966, ao lado de Willian Chen, correndo pelas ruas de terra de Cascavel a bordo de um Simca, enfrentando um cenário ainda precário e cheio de desafios. Sua infância e juventude refletem a força de uma geração que venceu na raça, construindo seu legado passo a passo, curva a curva.
DO CAMPO À PISTA O DESPERTAR DE UMA PAIXÃO ACELERADA
NASCE O ÍDOLO DAS PISTAS UMA VIDA DE TÍTULOS E LONGEVIDADE
Desde aquela primeira bandeirada, foram quase 500 corridas,com Pedro Muffato acumulando diversos títulos. Ele foi Campeão Paranaense em várias categorias, Campeão Brasileiro da Divisão 4 em 1974, participou das Fórmulas 2 e 3, e se eternizou na Fórmula Truck. Contudo, sua jornada também foi marcada por grandes desafios. Em 4 de agosto de 1996, durante uma etapa do Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 em Cascavel, um grave acidente quase pôs fim à sua história. Após uma colisão com o companheiro de equipe, seu carro se chocou contra um barranco a quase 200 km/h. Muitos acreditavam que ele nunca mais voltaria a correr, mas Pedro Muffato contrariou todos os diagnósticos e, três anos depois, retornou às pistas com a mesma força de antes.
O auge veio quando, aos 83 anos, conquistou o título da Fórmula Truck em 2023, provando que a idade nunca foi limite para quem vive movido pela paixão. Com coragem, técnica e muita persistência, destacou-se rapidamente nas competições regionais, conquistando respeito pelo talento e pela
compreensão profunda da mecânica dos carros. Na década de 1970, já competia em categorias nacionais, exibindo um estilo combativo e uma postura ética que o tornaram admirado dentro e fora das pistas.
Desde suas primeiras corridas oficiais, Pedro deixou claro que não estava ali por acaso, mas para fazer história como um verdadeiro ídolo das pistas. Em 2023, ele foi reconhecido como o piloto ativo mais longevo do Brasil. Seus feitos vão além da velocidade; Pedro sempre foi respeitado por sua ética, conhecimento técnico e combatividade. A frase “Nunca vivi do automobilismo, mas sempre vivi para o automobilismo” se tornou um lema de superação e paixão, refletindo seu amor genuíno e incansável pelo esporte.
MUFFATO EMPRESÁRIO E PREFEITO FORA DAS PISTAS, UM LÍDER VISIONÁRIO
Se nas pistas Pedro Muffato conquistava respeito com talento
e ousadia, fora delas ele também dava demonstrações
de visão estratégica, espírito empreendedor e comprometimento
com o desenvolvimento de sua cidade. Muito
antes de se tornar uma figura política, Pedro já era reconhecido
como um empresário determinado e inovador, que ajudou a
transformar o cenário econômico de Cascavel e região.
Seu espírito empreendedor floresceu ainda na juventude, quando,
ao lado da família, começou a investir em atividades comerciais
e no setor de transporte. Trabalhando duro, Pedro entendeu
cedo o valor da organização, da responsabilidade fiscal e da liderança.
Foi nesse ambiente de negócios que ele fortaleceu as bases
para sustentar sua paixão pelo automobilismo e, ao mesmo tempo,
contribuir de forma concreta para o crescimento local. Com o
tempo, sua atuação se consolidou no ramo da logística e transporte
rodoviário, uma das engrenagens fundamentais da economia
paranaense. Ao mesmo tempo, tornou-se referência pela maneira
ética e eficiente com que conduzia seus negócios, sempre com foco
em gerar empregos, impulsionar a produtividade e acreditar no
potencial de sua terra.
Foi justamente esse prestígio como empresário e cidadão
atuante que o levou à vida pública. Em 1972, Pedro Muffato foi
eleito prefeito de Cascavel. À frente da administração municipal,
ele aplicou os mesmos princípios que o guiavam nas pistas e nos
negócios: planejamento, coragem para inovar e foco em resultados.
Durante seu mandato, apostou em obras estruturantes, modernização
da máquina pública e atenção às demandas populares.
Foi um período de grandes desafios, mas também de avanços que
deixaram marcas positivas na cidade. Mesmo em meio a um cenário
político nacional instável, Muffato se manteve firme em seus
valores e priorizou a gestão com transparência e eficiência. Ao final
de sua passagem pelo poder público, Pedro voltou a se dedicar
ao que mais amava: o automobilismo e os negócios. Mas deixou
um legado importante como gestor público, alguém que mostrou
que é possível aplicar a mesma paixão por desempenho e resultados
que o guiava nas pistas também na vida cívica. Mais do que
um piloto ou político, Pedro Muffato sempre foi, acima de tudo,
um construtor de caminhos. Seja no volante, nos negócios ou na
prefeitura, ele liderou com coragem e visão, deixando um impacto
duradouro por onde passou.
A ÚLTIMA VITÓRIA DE UM GIGANTE PEDRO MUFFATO SE DESPEDE DAS PISTAS EM GRANDE ESTILO
O autódromo Zilmar Beux foi palco de um momento inesquecível.
Aos 84 anos, Pedro Muffato alinhou seu caminhão
pela última vez no grid da Fórmula Truck. A
largada foi discreta: sexta colocação, sem alarde. Mas quem
conhece Pedro sabia: ele nunca entra para apenas participar;
ele compete com alma. A corrida foi intensa. Favoritos abandonaram,
o ritmo foi mudando, e Pedro, com a experiência de
quase seis décadas no volante, soube esperar o momento certo.
Na volta final, assumiu a liderança e cruzou a linha de chegada
sob aplausos de pé. O público se emocionou; muitos choraram.
A vitória não estava no roteiro, mas veio como um presente,
um desfecho perfeito para uma carreira lendária.
Na arquibancada, os fãs vibravam como se tivessem vencido
com ele. Famílias inteiras aplaudiam de pé. E, nos boxes, o
momento mais especial: filhos, netos e bisnetos se emocionaram
juntos. Abraços apertados, olhos marejados e sorrisos largos
celebraram não apenas uma vitória, mas uma vida dedicada
com paixão e coragem ao automobilismo. Após a prova, Pedro
cumpriu sua promessa: vendeu o caminhão, tirou o capacete e
se despediu oficialmente das pistas. Mas seu legado permanece.
No museu que criou para contar sua história, no autódromo
que ajudou a construir, e no coração de todos que aprenderam
com ele que correr é mais que acelerar, é viver intensamente.
Pedro Muffato não corre mais, mas continuará cruzando a
linha de chegada todas as vezes que alguém for tocado por sua
trajetória.
Pedro Muffato construiu, ao longo de mais de 50 anos, uma
carreira no automobilismo que vai além de vitórias e troféus,
tornando-se símbolo de longevidade, paixão e resiliência.
Competindo desde os anos 1960 até a categoria de Fórmula Truck,
manteve-se relevante mesmo contra adversários mais jovens e
tecnologias avançadas. Em 2023, foi reconhecido como o piloto
ativo mais longevo do Brasil. Além das pistas, contribuiu para o
esporte apoiando novos talentos e ajudando na organização de
eventos. Seu legado inspira pilotos de todas as gerações, mostrando
que a idade não limita quem corre com o coração.
Pedro Muffato é um nome eternizado não apenas nas pistas,
mas também no coração do automobilismo brasileiro. Com quase
seis décadas de dedicação ao esporte, ele coleciona prêmios, homenagens
e tributos que refletem a admiração nacional por sua trajetória
exemplar. Entre os reconhecimentos mais marcantes está o
Capacete de Ouro Especial, recebido em 2013 como homenagem ao
conjunto de sua obra prêmio máximo do automobilismo nacional.
A cerimônia, realizada em São Paulo, teve presenças ilustres como
Emerson Fittipaldi e Reginaldo Leme, que exaltaram a paixão e a
entrega de Muffato ao esporte. “Pedro faz por amor ao automobilismo”,
afirmou Fittipaldi. Em 2016, voltou ao palco do Capacete
de Ouro na edição comemorativa de 20 anos do prêmio, sendo homenageado
ao lado de Felipe Massa. E em 2023, após conquistar o
título da Fórmula Truck aos 83 anos, surpreendeu o país mais uma
vez. Recebeu o Capacete de Ouro pelo desempenho esportivo e uma
honraria especial da Confederação Brasileira de Automobilismo,
selando seu lugar como ícone absoluto do esporte.
Mas as homenagens ultrapassam os limites das pistas. Como
idealizador do Autódromo Zilmar Beux, em Cascavel, Pedro Muffato
foi reconhecido com bustos, placas e títulos honorários em diversas
cidades do Paraná. Também recebeu honrarias por sua atuação
como gestor público e como incentivador do automobilismo regional.
A imprensa especializada o reverenciou em reportagens e
documentários exibidos no SporTV, Band Sports, Revista Racing e
outros veículos. Frases suas, como “Nunca vivi do automobilismo,
mas sempre vivi para o automobilismo”, tornaram-se lemas de
superação e paixão.
Hoje, toda sua vida está preservada no Museu Pedro Muffato,
espaço aberto ao público que exibe relíquias de sua trajetória,
construído dentro de uma das unidades do Supermercado Muffatão.
Mais que títulos, Muffato conquistou respeito. Seu nome vive
nas pistas, nas memórias dos fãs e na história do esporte. Pedro
Muffato é sinônimo de grandeza.
PEDRO MUFFATO: EMPRESÁRIO, VISIONÁRIO E LÍDER REGIONAL
Pedro deu os primeiros passos no comércio em Cascavel, cidade
onde se estabeleceu definitivamente. Com o tempo, fundou o que
se tornaria uma das maiores redes do Paraná: o Grupo Muffatão.
Hoje, a marca está presente em diversos estados como Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, com atacados e
centros de distribuição, e em Cascavel com quatro supermercados,
gerando milhares de empregos diretos e indiretos.
Além do setor varejista, Pedro diversificou seus investimentos.
Fundou indústrias alimentícias e de embalagens, expandindo o alcance
do grupo para a produção e fornecimento de mercadorias,
otimizando a operação de ponta a ponta. Também investiu com
força no agronegócio, com fazendas modernas e produtivas, que
atuam tanto na agricultura quanto na pecuária, com foco em inovação
e sustentabilidade.
Hoje, o Grupo Muffatão conta com mais de 3.500 colaboradores,
empregando profissionais de diferentes áreas e contribuindo significativamente
para o desenvolvimento econômico da região. Pedro
faz questão de manter uma gestão próxima, familiar e comprometida
com os valores que o trouxeram até aqui: honestidade, respeito,
trabalho duro e fé. Mesmo com o tamanho que seus negócios alcançaram,
Pedro continua sendo uma figura presente no dia a dia das
empresas. É comum vê-lo caminhando pelos centros de distribuição
ou conversando com colaboradores nas lojas. Para ele, sucesso
não se mede apenas por patrimônio, mas pela capacidade de gerar
oportunidades e transformar a vida das pessoas ao seu redor. Pedro
Muffato é mais do que um empresário de sucesso. É um símbolo
de superação, liderança e desenvolvimento regional. Seu legado não
está apenas nos empreendimentos que criou, mas no impacto humano
e social que promoveu ao longo de sua jornada.
UMA VIDA ACELERANDO CORAÇÕES
Em 29 de junho de 2025, Pedro Muffato completou 85 anos de vida. Uma vida que não
seguiu o caminho mais fácil, mas sim o mais emocionante: o das pistas, dos desafios,
da superação constante. Ao longo de oito décadas, ele não apenas viveu intensamente;
ele acelerou com propósito, deixando marcas profundas tanto no automobilismo quanto
na história da cidade de Cascavel e do Brasil.
Celebrar os 85 anos de Muffato é mais do que comemorar um aniversário é reverenciar
um percurso de coragem e fidelidade a uma paixão. Ele ultrapassou barreiras que poucos
ousaram enfrentar: a do tempo, da idade, dos limites físicos e técnicos. Até mesmo quando
o relógio biológico tentava impor pausas, Muffato insistia em acelerar e o fazia com alma,
técnica e respeito. Seu nome, que já estava inscrito entre os grandes do automobilismo,
agora também ocupa um lugar de honra entre as personalidades que inspiram por sua
longevidade, resiliência e espírito incansável. Em um país onde poucos atletas mantêm a
carreira ativa após os 40 anos, Pedro correu aos 70, aos 75, e seguiu acelerando até os seus
85 anos, com fôlego e alma de garoto. Fez da pista um prolongamento de sua própria vida.
Neste ano especial, não faltam homenagens. Equipes, autódromos, fãs, jornalistas e admiradores
de todas as gerações reconhecem em Pedro não apenas um piloto, mas um símbolo.
Um homem que venceu a si mesmo, dia após dia, curva após curva, e que manteve a essência
da competição viva, mesmo quando muitos já haviam desacelerado. Seus filhos e netos o veem
como um herói de verdade. Seus colegas o tratam como lenda viva. Os torcedores o aplaudem
não apenas pelos títulos, mas pela história. E quem o conheceu de perto sabe: por trás do capacete
e dos macacões de corrida, há um ser humano íntegro, gentil e apaixonado pelo que faz.
Ao anunciar o encerramento simbólico de sua carreira em 2025, Pedro Muffato não dá
adeus às pistas, apenas muda de lugar. Sai do cockpit, mas permanece na memória, no
legado e no coração de todos que o acompanharam. Sua história não termina: ela segue
inspirando, como uma bandeira quadriculada que não marca o fim, mas celebra a chegada
de alguém que deu tudo de si... e venceu. Pedro Muffato é mais do que um campeão; é um
construtor de caminhos, um homem que cruzou gerações com o “motor da alma ligado”,
transformando suor em legado e que, mesmo após cruzar a linha de chegada, continua
inspirando. Sua bandeirada final é apenas o início de uma eternidade de reconhecimento.
Pedro costumava dizer que não corria por dinheiro, mas por amor. Nunca precisou de
um contrato milionário para sentir o motor vibrar dentro do peito. “Passei frio, fome,
dormi em banco de caminhão. Mas nunca desisti”, disse certa vez, resumindo em poucas
palavras o que foi uma vida inteira de superações. Obrigado, Pedro. Por cada largada, cada
curva, cada queda e cada vitória. O automobilismo brasileiro é o que é porque você foi o que
foi: imbatível, incansável e, acima de tudo, verdadeiro.